quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Viciados em internet

Viciados em internet têm alterações similares no cérebro àqueles que usam drogas e álcool em excesso, de acordo com uma pesquisa chinesa.

Cientistas estudaram os cérebros de 17 jovens viciados em internet e descobriram diferenças na massa branca - parte do cérebro que contém fibras nervosas - dos viciados na rede em comparação a pessoas não viciadas.

A análise de exames de ressonância magnética revelou alterações nas partes do cérebro relacionadas a emoções, tomada de decisão e autocontrole.

Hao Lei, líder do estudo e membro da Academia de Ciências da China, comentou a pesquisa.

- Os resultados também indicam que o vício em internet pode partilhar mecanismos psicológicos e neurológicos com outros tipos de vício e distúrbios de controle de impulso.

Computadores

A pesquisa analisou o cérebro de 35 homens e mulheres entre 14 e 21 anos. Entre eles, 17 foram classificados como tendo Desordem de Dependência da Internet, após responder perguntas como "Você fez repetidas tentativas mal-sucedidas de controlar, diminuir ou suspender o uso da internet?"

Os resultados então descritos na publicação científica Plos One, que poderiam levar a novos tratamentos para vícios, foram similares aos encontrados em estudos com viciados em jogos eletrônicos.

Gunter Schumann, do Instituto de Psiquiatria do King's College, em Londres, diz que houve uma conclusão inédita.

- Pela primeira vez, dois estudos mostram mudanças nas conexões neurais entre áreas do cérebro, assim como mudanças na função cerebral, de pessoas que usam a internet ou jogos eletrônicos com frequência.

O estudo chinês também foi classificado de "revolucionário" pela professora de psiquiatria do Imperial College London Henrietta Bowden-Jones.

- Finalmente ouvimos o que os médicos já suspeitavam havia algum tempo, que anormalidade na massa branca no córtex orbitofrontal e outras áreas importantes do cérebro está presente não apenas em vícios nas quais substâncias estão envolvidas, mas também nos comportamentais, como a dependência de internet.

Fonte: http://noticias.r7.com/

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Furto de milhas: saiba como não ser a próxima vítima

Com a facilidade oferecida pela Internet, as movimentações das contas dos programas de milhagem passaram a ser feitas quase exclusivamente online. Consultas, emissões e compras podem ser feitas com poucos cliques sem que o cliente tenha de se deslocar a alguma loja ou perca tempo no telefone. Essa facilidade, contudo, trouxe consigo um perigo cada vez mais constante: os golpes e armadilhas para furtar as milhas dos clientes.

Muitos leitores têm nos informado sobre estes crimes e alguns chegam a relatar que foram vítimas e viram milhares de seus pontos desaparecerem de uma hora para a outra de sua conta no programa de fidelização. Para orientar e alertar nossos leitores, preparamos este post com dicas simples e básicas, que certamente tornarão mais difícil que suas preciosas milhas caiam nas garras dessas quadrilhas.

Os cuidados que você precisa ter são basicamente os mesmos que têm com a sua conta bancária. O funcionamento dos sites dos programa de fidelidade é bem parecido com o dos bancos via internet e as técnicas utilizadas para roubar milhas são basicamente as mesmas que usam para roubar as senhas bancárias.

1. Cheque sempre o seu saldo: TAM e GOL enviam a seus clientes um resumo mensal por e-mail de suas contas nos programas Fidelidade/Multiplus e Smiles, respectivamente. Confira com atenção seu saldo e não deixe de entrar na página de seu programa periodicamente para acompanhar a movimentação com mais detalhes, avisando imediatamente a empresa caso haja alguma divergência.

2. Não abra e-mails suspeitos: Promoções tentadoras de milhas reduzidas, prêmios, bônus e outras promessas levam milhares de pessoas a clicar em mensagens falsas, chamadas de phishing. Esses e-mails levam a páginas das quadrilhas onde o usuário desavisado insere os dados de sua conta, fornecendo os mesmos aos criminosos. Outras vezes estes sites instalam programas maliciosos (malwares) capazes de furtar dados do computador da vítima. Para evitar esses golpes, jamais clique em e-mails de origem duvidosa, fora do padrão, com erros de ortografia, com ofertas de prêmios em milhas e principalmente solicitando dados cadastrais. Achou a promoção boa demais? Acesse o Melhores Destinos e veja se postamos algo sobre ela ou ligue na companhia aérea.
Veja abaixo dois exemplos de falsos e-mails do TAM Fidelidade.

3. Observe os alertas das empresas aéreas: As empresas estão sempre alertando seus clientes sobre esses problemas, mas muitas vezes as pessoas ignoram esses avisos. Veja o texto divulgado pela TAM em seu site e também o texto divulgado pela GOL.

Outros cuidados que valem tanto para os programas de fidelidade como para bancos e outros serviços.
4. Jamais exponha seus dados: Tenha muito cuidado com o que revela em redes sociais, salas de bate-papo ou mesmo por e-mail – há arquivos maliciosos que podem fazer a leitura de suas mensagens e extrair de lá informações e senhas. Além disso desconfie de pessoas que se oferecem para “ajudá-lo” a obter mais milhas. Os criminosos também podem tentar tirar proveito de usuários se passando por compradores ou vendedores de pontos: esteja sempre atento!

5. Instale um bom antivírus: Se você usa Windows já deve estar cansado e ler isso. Um antivírus sempre atualizado em seu computador é vital para sua segurança. Mas ele não é garantia de que você não terá sua senha roubada. Dê preferência a modelos que contem com rastreamento de vírus e arquivos maliciosos em sua máquina, e-mails e navegação, alertando para páginas falsas ou mal intencionadas. Muitos antivírus gratuitos já englobam essas funções.

6. Utilize versões atuais de navegadores modernos: as versões mais recentes de navegadores como Google Chrome ou o Mozilla Firefox, já trazem recursos para bloquear sites maliciosos. Mas assim como os antívirus, isso não é garantia de segurança, apesar de ajudar a dificultar o trabalho dos golpistas.

7. Cuidado com computadores públicos: Acessar seu programa de fidelidade, e-mail ou site bancário em computadores públicos nunca é recomendável, mas por vezes você precisa fazer isso durante uma viagem se valendo de equipamentos de lan houses, hotéis e aeroportos. Se isso ocorrer, lembre-se de fazer o logout (sair da página) antes de deixar o computador e se possível exclua os dados de navegação, como histórico e opções de auto preenchimento. Assim que tiver acesso a uma máquina segura é recomendável a troca das senhas utilizadas.

8. Denuncie erros e fraudes: Ainda que você siga todas as recomendações de segurança há sempre o risco de ser uma vítima de hackers e outros criminosos que podem obter seus dados invadindo a página das companhias ou por outros caminhos ilegais. Neste caso, assim que perceber a alteração no valor das milhas questione a companhia aérea e peça medidas de ressarcimento. Você também pode buscar auxílio junto ao Procon de sua cidade. Para isso fala uma carta relatando com detalhes todo o ocorrido e a leve consigo ao posto de atendimento mais próximo.
Seguir essas dicas básicas, como dissemos, não são garantia de que você nunca terá problemas, mas certamente reduzirá muito o risco de ver suas milhas ou pontos usadas de maneira indevida por alguma quadrilha!


Fonte: http://www.melhoresdestinos.com.br

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ditadura do Relógio

"Não há nada que diferencie tanto a sociedade ocidental de nossos dias das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente do que o conceito de tempo. Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os nômades árabes ou para o peão mexicano de hoje, o tempo é representado pelos processos cíclicos da natureza, pela sucessão de dias e noites, pela passagem das estações. Os nômades e os fazendeiros costumavam medir - e ainda hoje o fazem - seu dia do amanhecer até o crepúsculo e os anos em termos de tempo de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios.

O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos, como um artesão, durante tanto tempo quanto julgasse necessário. O tempo era visto como um processo natural de mudança e os homens não se preocupavam em medi-lo com exatidão. Por essa razão, civilizações que eram altamente desenvolvidas sob outros aspectos dispunham de meios bastante primitivos para medir o tempo: a ampulheta cheia que escorria, o relógio de sol inútil num dia sombrio, a vela ou lâmpada para onde o resto de óleo ou cera que permanecia sem queimar indicava as horas.

Todos esses dispositivos forneciam medidas aproximadas de tempo e tornavam-se muitas vezes falhos pelas condições do clima ou pela inabilidade daqueles que os manipulavam. Em nenhum lugar do mundo antigo ou da Idade Média, havia mais do que uma pequeníssima minoria de homens que se preocupassem realmente em medir o tempo em termos de exatidão matemática.

O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os símbolos mecânicos e matemáticos das horas marcadas pelo relógio. É ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o tempo, transformando-o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas de uvas. E, pelo simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar as horas com exatidão, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores, o relógio representa um elemento de ditadura mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra máquina.

(...) A princípio, esta nova atitude em relação ao tempo, este novo ritmo imposto à vida foi ordenado pelos patrões, senhores do relógio, e os pobres o recebiam a contragosto. E o escravo da fábrica reagia, nas horas de folga, vivendo na caótica irregularidade que caracterizava os cortiços encharcados de gim dos bairros pobres no início da era industrial do século XIX.

Os homens se refugiavam no mundo sem hora marcada da bebida ou do culto metodista. Mas aos poucos, a idéia de regularidade espalhou-se, chegando aos operários. A religião e a moral do séc. XIX desempenharam seu papel, ajudando a proclamar que "perder tempo" era um pecado. A introdução dos relógios, fabricados em massa a partir de 1850, difundiu a preocupação com o tempo entre aqueles que antes se haviam limitado a reagir ao estímulo do despertador ou à sirene da fábrica. Na igreja e na escola, nos escritórios e nas fábricas, a pontualidade passou a ser considerada como a maior das virtudes.

E desta dependência servil ao tempo marcado nos relógios, que se espalhou insidiosamente por todas as classes sociais no séc. XIX, surgiu a arregimentação desmoralizante que ainda hoje caracteriza a rotina das fábricas.

O homem que não conseguir ajustar-se deve enfrentar a desaprovação da sociedade e a ruína econômica - a menos que abandone tudo, passando a ser um dissidente para o qual o tempo deixa de ser importante. Refeições feitas às pressas, a disputa de todas as manhãs e de todas as tardes por um lugar nos trens e nos ônibus, a tensão de trabalhar obedecendo horários, tudo isso contribui, pelos distúrbios digestivos e nervosos que provoca, para arruinar a saúde e encurtar a vida dos homens.

Nem se poderia afirmar que a imposição financeira da regularidade de horários tenha contribuído a longo prazo para o aumento da eficiência. Na verdade, a qualidade do produto parece ter até diminuído, pois o empregador que vê o tempo como uma mercadoria pela qual tem de pagar obriga o operário a trabalhar numa velocidade tal que a produção forçosamente será de qualidade inferior.

O critério passa a ser de quantidade e não de qualidade e já não há mais o prazer do trabalho pelo trabalho. O operário transforma-se, por sua vez, num especialista em "olhar o relógio", preocupado apenas em saber quando poderá escapar para gozar suas escassas e monótonas formas de lazer que a sociedade industrial lhe proporciona; onde ele, para "matar o tempo", programará tantas atividades mecânicas com tempo marcado, como ir ao cinema, ouvir rádio e ler jornais, quanto permitir o seu salário e o seu cansaço. Só quando se dispõe a viver em harmonia com sua fé ou com sua inteligência é que o homem sem dinheiro consegue deixar de ser um escravo do relógio."


(WOODCOCK, G. A ditadura do relógio. In: ARANHA, M.L.; MARTINS, M.H. Filosofando: introdução à filosofia. 2.ed. São Paulo: Moderna, 1993,cap. 3, 3a. parte, p. 249)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Nos laços (fracos) da internet

Qual é o impacto de tais sites na maneira como as pessoas se relacionam? Eles, de fato, diminuem a solidão? Recentemente, sociólogos, psicólogos e antropólogos passaram a buscar uma resposta para essas perguntas. Eles concluíram que essa comunicação não consegue suprir as necessidades afetivas mais profundas dos indivíduos. A internet tornou-se um vasto ponto de encontro de contatos superficiais. É o oposto do que, segundo escreveu o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), de fato aproxima os amigos: "Eles precisam de tempo e de intimidade; como diz o ditado, não podem se conhecer sem que tenham comido juntos a quantidade necessária de sal".

Por definição, uma rede social on-line é uma página na rede em que se pode publicar um perfil público de si mesmo – com fotos e dados pessoais – e montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Como em uma praça, um clube ou um bar, esse é o espaço no qual as pessoas trocam informações sobre as novidades cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas músicas preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho. Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande diferença: a ausência quase total de contato pessoal.

Os sites de relacionamentos, como qualquer tecnologia, são neutros. São bons ou ruins dependendo do que se faz com eles. E nem todo mundo aprendeu a usá-los a seu próprio favor. Os sites podem ser úteis para manter amizades separadas pela distância ou pelo tempo e para unir pessoas com interesses comuns. Nas últimas semanas, por exemplo, o Twitter foi acionado pelos iranianos para denunciar, em mensagens curtas e tempo real, a violência contra os manifestantes que reclamavam de fraudes nas eleições presidenciais. Em excesso, porém, o uso dos sites de relacionamentos pode ter um efeito negativo: as pessoas se isolam e tornam-se dependentes de um mundo de faz de conta, em que só se sentem à vontade para interagir com os outros protegidas pelo véu da impessoalidade.

O sociólogo americano Robert Weiss escreveu, na década de 70, que existem dois tipos de solidão: a emocional e a social. Segundo Weiss, "a solidão emocional é o sentimento de vazio e inquietação causado pela falta de relacionamentos profundos. A solidão social é o sentimento de tédio e marginalidade causado pela falta de amizades ou de um sentimento de pertencer a uma comunidade". Vários estudos têm reforçado a tese de que os sites de relacionamentos diminuem a solidão social, mas aumentam significativamente a solidão emocional. É como se os participantes dessas páginas na internet estivessem sempre rodeados de pessoas, mas não pudessem contar com nenhuma delas para uma relação mais próxima.

Sites como Orkut, Facebook e Twitter, por sua instantaneidade, criaram esse novo tipo de ansiedade: a de ficar sempre plugado para evitar a impressão de que se está perdendo algo.

"Quando se desabafa com um amigo pela internet, alguns sinais de afetividade são deixados de lado, como o olhar, a expressão corporal e o tom de voz", diz a psicóloga Rita Khater, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

As amizades na internet não são sequer mais numerosas do que na vida real. De nada adianta ter 500 ou 1000 contatos no Orkut. É impossível dar conta de todos eles, porque o limite das relações humanas é estabelecido pela biologia. O número máximo de pessoas com quem cada um de nós consegue manter uma relação social estável é, em média, de 150, segundo o antropólogo inglês Robin Dunbar, um dos mais conceituados estudiosos da psicologia evolutiva.

Dunbar começou a estudar o assunto na década de 90 e, agora, o seu cálculo está sendo confirmado nos sites de relacionamentos. Em média, o número de contatos nos perfis do Facebook e de seguidores no Twitter é de 120 pessoas. No Orkut, cada brasileiro tem cerca de 100 amigos. Mesmo quem foge do padrão e consegue amealhar alguns milhares de companheiros virtuais não conhece, de fato, muito mais do que uma centena.

"A internet é muito boa para administrar amizades já existentes, garantindo sua continuidade mesmo a grandes distâncias, mas é ruim para criar do zero relações de qualidade", disse Dunbar à revista.

Existem diferentes níveis de amizade, é lógico. As mais distantes são mais abundantes. É o que se chama, em sociologia, de "laços fracos". Relações sociais estáveis como as estudadas por Dunbar e Bernard são chamadas, por sua vez, de "laços fortes". Dentro dessa categoria há um núcleo reduzido de confidentes, que não costumam passar de cinco. Esses são os amigos do peito, com quem podemos contar sempre, mesmo nos piores momentos. As mulheres costumam ter um núcleo de confidentes maior que o dos homens. A característica se repete na internet. No Facebook, por exemplo, um homem com 120 contatos na lista responde com frequência aos comentários de sete amigos, em média. Entre as mulheres, esse número sobe para dez. "As mulheres têm mais facilidade para fazer amizades próximas do que os homens", diz a antropóloga Claudia Barcellos Rezende, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Já os homens se especializaram em estabelecer um número maior de relações, mas com um grau de intimidade menor.

"O tamanho médio do núcleo de amigos próximos parece estar diminuindo, enquanto a rede de contatos fracos aumenta", disse a VEJA o sociólogo Peter Marsden, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Ou seja, cresceram as relações superficiais, efêmeras, e reduziram-se as mais afetivas, profundas. A tendência é reproduzida à perfeição – e intensificada – nas redes sociais on-line. É como se a maioria das relações fosse estratégica, tal como as dos homens das cavernas. "Nesses sites, é possível manter os relacionamentos a uma distância segura. Ou seja, aproximações e afastamentos se dão na medida do necessário", afirma Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da Universidade de São Paulo. Um exemplo conhecido dos adeptos do Orkut no Brasil são os ex-colegas de escola que, depois de anos sem se comunicar e mesmo sem ter nenhuma afinidade pessoal, passam a engordar a lista de amigos virtuais uns dos outros. Quando conveniente, o contato é retomado para resolver questões práticas. Esses laços fracos são muito úteis, por exemplo, para descobrir oportunidades de trabalho. Amigos próximos são menos eficientes em tal quesito porque, em geral, circulam no mesmo meio e têm acesso às mesmas informações. Uma das redes sociais com o maior crescimento de adeptos no mundo é justamente o LinkedIn, especializado em estabelecer vínculos profissionais.

Na internet, é fácil administrar uma enorme rede de contatos, com pessoas pouco conhecidas, porque estão todos ao alcance de um clique. A lista de amigos virtuais é uma espécie de agenda de telefones, com a vantagem de não ser necessário ligar para todos uma vez por ano para não ser esquecido. Basta manter o perfil atualizado e acrescentar à página comentários sobre, por exemplo, suas atividades cotidianas. Isso cria um efeito conhecido como "sensação de ambiente". É como se cada um dos contatos de determinada pessoa estivesse fisicamente presente no momento em que ela reclama de uma coceira nas costas ou comenta sobre a música que está ouvindo. O Twitter explora esse princípio na sua forma mais crua, ao incitar os seus participantes a responder em apenas 140 caracteres à pergunta: "O que você está fazendo?". Os comentários vão de "comendo pão de queijo" a observações espirituosas sobre a vida. O fluxo constante de informações pessoais cria um paradoxo: ao mesmo tempo que ele é necessário para cativar a atenção dos amigos virtuais, pode pôr em risco a imagem pública do indivíduo.

Cada perfil nos sites de relacionamentos pode ser comparado a um pequeno palco. Esse exercício até certo ponto teatral é, no entanto, apresentado a uma audiência invisível. "Como não estamos vendo nossos espectadores, somos incapazes de observar sua reação ao que estamos fazendo e, com isso, ficamos à vontade para nos expor mais do que seria prudente", disse a VEJA Barry Wellman, professor de sociologia da Universidade de Toronto, no Canadá. As táticas para driblar a superexposição nas redes sociais on-line são variadas. Há quem mantenha dois perfis no mesmo site: um para laços fracos, com informações pessoais mais contidas, e outro para laços fortes, em que se pode permitir um grau de exposição maior.

A necessidade de classificar os contatos virtuais na sua página do Orkut ou do Facebook segundo o grau de intimidade desafia um dos princípios da amizade verdadeira: a total reciprocidade. Na vida real, o desnível da afinidade que uma pessoa sente pela outra costuma ficar apenas implícito na relação entre elas. Na internet, ele é escancarado. Pode-se simplesmente bloquear o acesso de certos amigos a determinadas informações. Além disso, ela não estimula aquele tipo de solidariedade que faz com que dois amigos de carne e osso aturem, mutuamente, os maus momentos de ambos. Esse grau de convivência e aceitação de azedumes ou mesmo defeitos alheios é quase inexistente nas redes sociais. Quando alguém começa a incomodar, é ignorado ou deletado. "Se o objetivo é um vínculo afetivo maior, é preciso se encontrar pessoalmente", resume candidamente Danah Boyd, pesquisadora do Microsoft Research, um laboratório inaugurado em Massachusetts pela empresa de Bill Gates para o estudo do futuro da internet.

Ao fim e ao cabo, usar as redes sociais para fazer uma infinidade de amigos – quase sempre não muito amigos – é uma especialidade de Brasil, Hungria e Filipinas, países que têm o maior número de usuários com mais de 150 contatos virtuais. Uma pesquisa nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que 91% dos adolescentes usam os sites apenas para se comunicar com amigos que eles já conhecem. Parecem saber que, como dizia Aristóteles, amigos verdadeiros precisam ter comido sal juntos. O que você está esperando? Saia um pouco da sua página virtual, pare de bisbilhotar a dos outros, dê um tempo nas conversinhas que só pontuam o vazio da existência e vá viver mais.


fonte: Diogo Schelp
http://veja.abril.com.br

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Alegria



Fico encantada com a quantidade de palavras existentes em nossa língua portuguesa.

Estava lendo uma pesquisa que dizia que o novo Aurélio eletrônico reúne 435.000 verbetes, locuções e definições, 110.000 etimologias e 54.000 exemplos e abonações de mais de 1.400 autores.

Quando li isso, pensei: Eu não conheço nem a metade disso, e o pouco que conheço, eu não sei, ao certo, o real significado.

Triste.

Triste, porque muita vezes falamos certas coisas e vulgarizamos o sentimento expressado através de palavras por falta de conhecimento do significado.

Um exemplo disso é a confusão que fazemos entre alegria e felicidade. Você já parou e pensou nisso?

Alegria é dar alegria de forma alegre! É transbordar por ser contagiante. Não há fuga e não há antônimos, pois a alegria é o ápice do sentimento e o clímax do prazer, que acaba sendo expressada por sorrisos.

Já a felicidade é uma gama de emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento ou satisfação até a alegria intensa ou júbilo. Isso é: há variações. A felicidade tem ainda o significado de bem estar ou paz interna. O oposto da felicidade é a tristeza ou infelicidade.

Mas afinal, será que somos felizes ou alegres?

Bom, tive um insight quando li a seguinte frase do Samuel T. Coleridge: Desperte para a alegria como um radiante dia de verão.

Essa frase me fez desdobrar e pensar nela de uma forma interessante. Tentei entender a profundeza que ela realmente possui.

Cheguei a conclusão que cada um de nós traz dentro de si espaço para uma alegria genuína e verdadeira, com a qual nos encontramos – fortuitamente – quando somos “tocados”de forma especial, sublime e sobrenatural.

Na verdade, a alegria é um dos sentimentos mais desejados por toda a humanidade, embora as pessoas, em sua maioria, ainda a confundam tanto com o prazer e com a felicidade, sem saber que a alegria tem um componente diferenciado, pois sua origem é totalmente transcendente e espiritual.

Somente a alegria é capaz de trazer de volta a força para viver, tem o poder de realizar sonhos abandonados pelo caminho e, frequentemente, restaura os destinos roubados pela indiferença, tristeza, melancolia e depressão.

A nossa busca pela fonte da alegria se torna ainda mais urgente neste tempo, em que estamos sujeitos a fraquezas e dificuldades, com o fim de restaurarmos juntamente o otimismo, a esperança, a liberdade, o perdão, a saúde e a disposição para o serviço.

Então, o que nos resta a fazer e o que torna nosso papel coadjuvante, é deixar ser arrebatado por um sentimento que valha realmente a pena, capaz de produzir em nossa existência uma nova, profunda, única, duradoura e gratificante experiência.

Porque a alegria tem esse poder em nos devolver o entusiasmo pela vida, como um “radiante dia de verão”.

“A alegria do Senhor é a minha força”

“A alegria que eu tenho, é a alegria de Cristo em mim”